terça-feira, 20 de março de 2007

PT e a segurança

Texto publicado no site do PT NAcional
www.pt.org.br
19/03/2007

PT e a segurança
Por José Roberto Paludo

Com o desafio de fazer um segundo governo ainda melhor do que o primeiro, na campanha pela reeleição do presidente Lula, dois temas ficaram marcados como prioridade: crescimento econômico com geração e emprego e distribuição de renda e a educação.

Sobre o primeiro tema, de pronto foi anunciado o PAC que, todavia, é um grande desafio a ser levado a diante. Sobre a educação, além dos resultados positivos do primeiro mandato, há tempo para apresentar uma proposta estratégica.

Outros temas estão na agenda política, como a reforma eleitoral e a reforma fiscal. Há ainda um outro tema, que não está sob controle da agenda política do governo, mas está muito presente na pauta social e exige um debate diferenciado: a violência.

Praticamente a única iniciativa pública do governo foi o chamamento do Plebiscito do Desarmamento - uma ação importante, porém falha, que levou a uma vitória dos setores econômicos interessados, do preconceito e da cultura do medo.

Além do sensacionalismo da mídia, ocorreram fatos de muita repercussão nos últimos tempos, como a rebelião do PCC em São Paulo, que se estendeu para outros estados. Ataques no Rio de Janeiro, brutalidade da morte do menino João Hélio e tantos acontecimentos diários de menor repercussão que colocam em discussão temas como pena de morte e redução da idade penal.

O próprio presidente Lula citou em um de seus discursos de posse que “a violência não é um problema apenas de governo e, sim, de toda a sociedade”. Uma citação sem maiores explicações que provocou diversas especulações.

O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) ocupou a cena anunciando sua posição favorável à legalização das drogas.

No exterior, o tema mais explorado pela mídia é quando ocorre algum fato relacionado à violência, também como uma estratégia dos países que concorrem com o Brasil no setor turismo, assim como o sucesso que está fazendo, merecidamente, o filme Cidade de Deus.

No início do mês de março, aconteceu, em Barcelona (Espanha) um seminário coordenado pelo professor Joan Subirats da Universidade Autonoma de Barcelona e a professora Sonia Fleury, da Fundação Getulio Vargas, com o título: “Inovações Locais diante de Inseguridades Globais - os Casos de Brasil e Espanha”.

Neste seminário, durante dois dias, professores, teóricos e militantes de ONGs debateram o tema da violência, suas causas e conseqüências, a partir de teses acadêmicas. Ao final foi apresentado um conjunto de experiências com iniciativas de entidades civis, do Brasil e da Espanha - exemplos de que o problema não é insolúvel.

Em todos os casos, os depoentes, principalmente no Brasil, ressaltam a necessidade do envolvimento dos governos para potencializar essas iniciativas, bem como de tomar iniciativa frente ao problema.

O PT sempre abordou esse tema da violência a partir de uma visão estrutural, propondo atacar as causas da pobreza e falta de desenvolvimento econômico e humano, opondo-se frontalmente a temas autoritários como pena de morte, redução da idade penal ou aumento de policiamento.

Embora corretas, as duas posturas não são suficientes. A realidade impõe uma agenda para nosso debate e como partido de situação não temos direito a omissão. Fundamentados na nossa tradição de defesa dos direitos humanos e da igualdade social, temos que apontar alguma proposta.

A conjuntura exige debate de um problema latente: como atacar o crime organizado, como regular o marketing sensacionalista do medo na mídia, como controlar o sistema financeiro e a lavagem de dinheiro, o tráfico de drogas e de armas e como buscar soluções endógenas, a partir das próprias áreas de risco, com políticas sociais?

José Roberto Paludo é membro do Diretório Nacional do PT por Santa Catarina

5 comentários:

Anónimo disse...

O quanto ao artigo k vc escreveu li e se posso me
permetir gostaria de dizer k estou de acordo com
Sergio Cabral(PMDB) no que diz respeito a legalizar as
drogas.
Na Holanda, ja fazem alguns anos que as drogas foram
legalizadas (isso claro não impede os traficantes de
continuarem a vender no negro sobretudo para os
jovens), mas ajuda aqueles que são completamentes
viciados a serem controlados pelo governo:
Uma pessoa adicta a droga na holanda pode pedir ajuda
ao governo através de entidades médicas distribuidas
nos pais.
Assim quando uma pessoa esta desesperada por falta da
droga, basta ir a qualquer posto de saúde se fazer
consultar e ter gratuitamente a dose que lhe é
nescessaria e além disso se a pessoa desejar parar com
as drogas é ajudada por psicologos, medicos...
A venda de maconha tb é vendida livremente nas
tabacarias.
Este fato gera menas violência no país, a falta de
droga não é um motivo para agredir, visto k o governo
pode dar gratuitamente a quem nescessita.

Quanto ao seminario de Barcelona (se lembro bem), tb
foi dito que para continuação as ONGs os antigos
membros deveriam formar os novos adptos para que essas
pequenas ONGs pudessem continuar a existir.
Tb foi dito que os responsaveis dessas ONGs deveriam
tentar dar uma continuidade com o apoio do governo,
mas sem que fosse mais um projeto jogado nas costas do
governo, já que o governo nem sempre pode arcar todos
os gastos e sobretudo por essa razão não podem dar
continuidade a certas ONGs, mesmo se bôa vontade é
presente.

Como a regular o marketing sensaciolista do medo na
mídia (isso é pouco dificil) já que hoje em dia as
pessoas sentem essa nescessidade de serem informadas
sobre o que acontece em sua cidade ou país, e o que
choca é sempre mais facil de vender.
Na minha opinião o que deveria ser feito é proibir as
fotos que revelam os fatos, apenas comentar na ultima
pagina como é de costume no Brasil o ocorrido, sem por
a ficha do criminoso(assim apenas eles se
reconheceriam no crime que cometeram)mas falar do bom
que era a vitima antes de ser morta, assassinada,
roubada..., se a vitima tb fosse algum criminoso, a
midia nem deveria comunicar, apenas jogar essa merda e
puxar a descarga.
Talvez com esse metodo o medo não desapareceria mas
com certeza diminuiria, na mente das pessoas de modo
geral, "ouvir falar, ouvir dizer que...mas o que não
se ver não existe".
Como controlar a lavagem do dinheiro (dificil mas não
impossivel), o governo, os bancos e a policia "penso"
podem saber ou deduzir de onde provém o dinheiro em
massa, o que fazer??? se não se pode parar essa
lavagem melhor utilizar-la de maneira mas util (tipo:
"ok limpo o teu dinheiro em compensação 40% dessa soma
ira para obras sociais") facil falar não é mesmo? Mas
o que falta para agir????????
Quanto ao trafico de armas: para uso particular(falo
de uma pessoa normal, honesta que usará em caso de
extrema nescessidade)deveriam pagar um imposto
semestral e além disso fazer um curso de como manobrar
uma arma em caso de uso para não utilizar "foi sem
querer" depois do ocorrido.
Quantos aos traficantes, deveriam obter uma licença do
governo e ter uma fiscalização da policia estadual e
local para saber de quem compram e para quem vendem
essas armas (caso esse acordo não seja possivel)e que
o uso de armas for ( é)legalizado no Brasil, o proprio
ministério da justiça, deveriam por em venta as armas
que eles conseguem obter quando prendem os
traficantes, assim os traficantes seriam fodidos 2 x
pela policia .
1. a policia pegaria todas essas armas e doaria ao
ministério da justiça.
2. o ministério renovariam os estoques de armas
antigas pela as dos traficantes e venderiam o resto
assim como as velhas armas
Te parece facil??? (a mim sim ) rsrsrs, tudo é questão
de tempo para organizar e pesquizar de onde provém
cada arma que entra no Brasil, " Quem quer trabalhar
tem que se sujar as mãos para depois lava-la)rsrsrs

Isso me faz pensar em um filme que vimos ontem chamado
"Lagrimas de sol " com Bruce Willis no final do filme
aparece um texto k diz mais o menos assim "A guerra
não existiria se as pessoas quisessem a paz" minha
filha replicou "como eles fizeram para achar essa
frase uhau"
é mesma coisa que dizer " Se não abro a torneira, não
sairá agua" rsrsrs muito engraçado vc não acha?

Creio que para cada problema existe uma solução, vc
não acha? rsrsrs
E k eu outra vez tenham falado muito...

Edinéia Silva

Anónimo disse...

Gostei de ver seu artigo no site do PT Nacional.
Eu gostaria de saber quais são as iniciativas e experiências a partir da população que eles apresentaram ??
Um grande abraço
Vera Castellain
Sec. de Formação PTSC

Vera Castelain

Anónimo disse...

Companheiro Roberto,

Li e gostei muito do seu artigo sobre Segurança, publicado no site do PT.
Que bom que você está chamando a atenção do partido / governo para
este assunto, que tem tirado o sonho de muitos (por várias razões
humanitárias e outras nem tanto).
Parabéns.
Abração, Janete - PT Criciúma / Unesc

edineia disse...

Somente para retificar: Na Holanda se vende maconha nos "Koffie Shop", não nas tabacarias, como havia escrito antes.

Edineia

Anónimo disse...

SEGURANÇA PÚBLICA: UM MODELO ESGOTADO





Com a revolução de 1964 passamos a ter duas polícias. A Polícia Militar, que já existia, tinha a missão de guarda em presídios, prédios públicos, palácios e operações especiais. Com a revolução, foram fortalecidas as PMs, que se constituiram como força auxiliar do exército, atribuindo-se-lhes o policiamento ostensivo.

Passados 40 anos, a convivência das polícias foi horrível, disputas medíocres e palacianas alimentaram o distanciamento entre ambas, que criaram estruturas totalmente apartadas, bancos de dados não compartilhados, duplicidade de administração e territórios diferentes.

O atual modelo está esgotado, atrapalha os profissionais e também a sociedade no controle da criminalidade, além de estimular a truculência e a corrupção.É um modelo ineficiente e oneroso.

O menor município precisa de duas estruturas de segurança pública, dois prédios, dois veículos, dois telefones, dois computadores, dois plantões, duas lâmpadas acesas,duas administrações, dois comandos, quase sempre, nenhuma conversa ou articulação. Estima-se que de cada três reais investidos na segurança pública dois estão sendo desperdiçados pela dupla estrutura, enquanto profissionais que têm a missão de dar segurança aos cidadãos recebem em média dois salários mínimos.

Os conflitos foram inevitáveis, a disputa pelo poder, pelos recursos do Estado foram constantes, com um certo privilégio para a PM que sempre manteve mais proximidade com os governantes, pois tinham desde o homem que serve o cafezinho até o chefe da casa militar, sem falar nos adidos militares da assembléia, do tribunal de justiça, da procuradoria, do ministério público, tribunais militares. O poder militar se alastrou.

A sociedade quer outra polícia, que seja capaz de auto organizar-se, crescer com a cidadania, com a democracia, respeitando os direitos humanos, se auto depurando, intervindo na criminalidade com tecnologia, profissionalismo, dedicação e seriedade . No modelo atual a regra é o amadorismo.

O corporativismo cultivado pelas duas instituições não permite mudanças simples nas estruturas, quando feitas acabam se transformando em polêmicas e inspiram a revolta de profissionais acostumados a exercer o poder apenas como expressão de sentimentos feudais.

Nada é eterno, exceto a mudança. A palavra mudança nas instituições policiais é proibida. Para que mudar, estamos bem assim, nossos gabinetes têm ar-condicionado, carpetes, veículos oficiais, temos poder, a sociedade e os governos são nossos réfens, basta sentar na cadeira e deixar o barco andar. A sociedade que pague a conta.

O modelo já não atende mais as necessidades da sociedade que precisa de uma segurança pública mais ágil, eficiente, democrática e menos onerosa.

Um novo modelo é possível basta vontade e decisão poítica do congresso nacional em realizar uma reforma constitucional, permitindo aos municípios organizar a sua polícia, especialmente no que diz respeito ao policiamento ostensivo e pequenos delitos, ficando sob a responsabilidade dos Estados a polícia investigativa para os crimes de maior gravidade, tráfico de entorpecentes, lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública e outros, além de grupos especiais para atuar em conflitos e presídios.

A geração presente tem uma responsabilidade muito grande com o futuro, é hora de mudar.





Jerônimo José Pereira

Delegado de Polícia

Filiado do PT/RS