domingo, 25 de março de 2007

Leão Esperança







A REDE GLOBO TREME - VIVA A INTERNET !

Leão Esperança:



Circula na Internet um e-mail cuja mensagem vem causando arrepios à Rede Globo.

Criança Esperança: Você está pagando imposto da Rede Globo!

Quando aRede Globo diz que a campanha Criança Esperança não gera lucro é mentira. Porque no mês de Abril do ano seguinte, ela (TV Globo) entrega o seu imposto de renda com o seguinte desconto: doação feita àUnicef no valor de... aqui vem o valor arrecadado no CriançaEsperança.

Ou seja, a Rede Globo já desconta pelo menos 20 e tantos milhões do imposto de renda graças à ingenuidade dos doadores!

Agora se você vai colocar no seu imposto de renda que doou 7, 15, 30 ou mais pro Criança Esperança, não pode, sabe por quê? Porque Criança Esperança é uma marca somente e não uma entidade beneficente.

Já adoação feita com o seu dinheiro para o Unicef é aceito. E não há crime nenhum. Aí, você doou à Rede Globo um dinheiro que realmente foi entregue à Unicef, porém, por que descontar na Receita Federal comodoação da Rede Globo e não na sua?.

Do jeito que somos tungados pelos impostos, bem que tal prática contábil tributária poderia se chamar de agora em diante de Leão Esperança.

Lição: Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar anossa mensagem a milhões de computadores!

sábado, 24 de março de 2007

Declaración sobre la visita del Presidente de Estados Unidos de América a algunos países latinoamericanos.


Foro de Sao Paulo
Grupo de Trabajo


Declaración sobre la visita del Presidente de Estados Unidos de América a algunos países latinoamericanos.

Ante la visita del Presidente de los Estados Unidos a varios países hermanos, los partidos integrantes del Grupo de Trabajo del Foro de Sao Paulo queremos expresar que aspiramos a una relación entre nuestros pueblos y nuestros gobiernos con base en el respeto, la autodeterminación, la paz y la cooperación. Pero estos objetivos no se podrán cumplir si Washington persiste en aplicar las políticas antiinmigrantes, belicistas e imperialistas que se han agravado en los últimos años de gobierno del Presidente Bush.

Expresamos el total rechazo a la construcción del muro en la frontera entre Estados Unidos y México; condenamos también la criminalización de la migración latinoamericana a ese país, las sanciones a ellos y a sus familias, el maltrato que reciben, frecuentemente violatorio de los derechos humanos y laborales más elementales, y una actitud racista fomentada por los sectores más derechistas de su gobierno que rechaza a los latinoamericanos, nuestra cultura y nuestros aportes al desarrollo económico y social de los Estados Unidos. Demandamos el respeto a la Convención Internacional de Protección de los derechos de los Trabajadores Migrantes y sus Familias.

Rechazamos la política militar de los Estados Unidos en el mundo, en particular la guerra en Irak, que ha provocado y sigue provocando un gran sufrimiento a esa nación, a la sociedad norteamericana y a otros pueblos del mundo. Se trata de un conflicto sangriento y sin salida, que no solo se originó en un engaño, la supuesta existencia de armas de destrucción masiva en aquella nación asiática, sino que además se realizó sin el consenso ni la aprobación de la comunidad internacional. Esa guerra de ocupación debe cesar y las tropas norteamericanas deben volver a su casa de inmediato.

El concepto de seguridad hemisférica que ha ido imponiendo Estados Unidos, a partir del atentado a las Torres Gemelas en septiembre de 2001, es el nuevo nombre de la misma doctrina de contrainsurgencia que se aplicó en América Latina durante el periodo de la Guerra Fría. Se fundamenta en la lucha contra los – según ellos- nuevos “enemigos de la humanidad”, a saber, el terrorismo y el narcotráfico. No compartimos estas estrategias para combatir estos problemas pues han sido utilizadas para la militarización de los países y tratar de imponer los proyectos de desarrollo del modelo neoliberal que encuentran resistencia por parte de los pueblos latinoamericanos. Por ello, rechazamos la aplicación de estas políticas propias de la agenda imperial y exigimos de nuestros gobiernos la defensa de la soberanía y autodeterminación de nuestros pueblos. En particular, denunciamos y manifestamos nuestro repudio al Plan Colombia y las actividades contrainsurgentes que se realizan en El Salvador. Igualmente, rechazamos la ingerencia de autoridades norteamericanas en diversos procesos electorales en América Latina para favorecer a partidos y candidatos fieles a Washington.

La política de la administración Bush hacia América Latina, ha sido negativa. Su único proyecto, tratar imponer acuerdos de libre comercio en la región, principalmente con el llamado ALCA, fracasó por la oposición de los pueblos de la región. También rechazamos todos los acuerdos comerciales que se pretenden imponer con el mismo formato y objetivos que el derrotado ALCA. La administración Bush ha mantenido una actitud agresiva contra algunos países de la región y ha mantenido el bloqueo a Cuba a pesar del repudio de la comunidad internacional.

Declaramos nuestro apoyo total a los procesos de integración latinoamericana y caribeña. Los partidos políticos que integran este Foro continuarán realizando los esfuerzos necesarios para fortalecer estos procesos y consolidar la era progresista que ha comenzado en la región en beneficio de nuestros pueblos.

Por lo anterior, el Foro de Sao Paulo considera que la visita del Presidente Bush no es grata para América Latina. Saluda las manifestaciones de repudio de los pueblos latinoamericanos contra la visita del mandatario norteamericano. Señala su disposición a buscar una relación que beneficie a la región, permita resolver los conflictos y abra el camino hacia una mejor cooperación entre las naciones. Llama a todos los pueblos del mundo a manifestarse contra la construcción del Muro que se construye en la frontera mexicana. Declara su rechazo a la existencia de bases militares norteamericanas en América Latina. Reafirma que seguirá exigiendo el pleno respeto a los derechos humanos y laborales de los latinoamericanos en Estados Unidos. Y convoca también a la comunidad internacional a que se detenga la guerra de ocupación en Irak y que se impida, en cualquier otra región del mundo, una nueva intervención armada unilateral. La paz en el mundo no debe ponerse en riesgo, como ha sucedido bajo la administración Bush, en aras de los intereses de la industria militar, de los designios fanáticos de un gobernante y de la torpeza política de quienes están al frente de la potencia más poderosa del mundo.


México D.F., 13 de marzo de 2007.

Grupo de Trabajo del Foro de Sao Paulo

Brasileiros na Espanha

Brasileiros na Espanha

Nesta semana, em que a União Européia comemora 50 anos de fundação, o Jornal Nacional apresenta uma série de reportagens sobre brasileiros que emigraram para a Europa. Hoje, o especial é sobre como vivem os que escolheram a Espanha.
Nesta semana, em que a União Européia comemora 50 anos de fundação, o Jornal Nacional apresenta uma série de reportagens sobre brasileiros que emigraram para a Europa. Hoje, o especial é sobre como vivem os que escolheram a Espanha.
Se na Espanha a morte é espetáculo nacional, fora das arenas, a economia está muito viva.Um crescimento acima da média européia. Brasileiros em Madri acompanham grandes transformações.
"É um pais em ebulição. Se constrói muito", conta a produtora de cinema, Ioná Macedo.
A explosão do mercado imobiliário traz estrangeiros para trabalhar na construção civil. Mas na sede do Parlamento, o presidente Manuel Marín pede prudência.
"Os espanhóis estão se comportando como novos ricos, gastando muito dinheiro", diz o presidente do Parlamento espanhol, Manuel Marín.
O país de 45 milhões de habitantes deixou para trás o passado devastador. A ditadura de Franco, a guerra civil espanhola, o terrorismo interno. Com a entrada na União Européia em 1986, multiplicou por cinco a sua renda per capita.
Os imigrantes foram responsáveis por 50% do crescimento do Produto Interno Bruto espanhol. A nova modernidade vai a quase 300 quilômetros por hora.
A advogada Glaucenira da Costa embarca no trem de alta velocidade de Madri para Tarragona. Há 17 anos no país, orienta brasileiros que procuram visto de trabalho.
"A pergunta mais freqüente de quem vem me visitar: ‘Mas eu tenho que voltar ao Brasil para conseguir o visto?’ Claro que você tem, você entrou aqui com visto de turista", diz ela.
O professor da PUC-MG Duval Fernandes, que faz uma tese sobre os brasileiros na Espanha, diz que as estatísticas mostram que entrar nos países da União Européia está cada vez mais difícil.
"Mensalmente, passam pelo aeroporto de São Paulo mil brasileiros que são, na linguagem da Polícia Federal, devolvidos. Fora os outros aeroportos, onde isso também acontece. Não há mesmo uma forma de atendimento a esses brasileiros. Não há mesmo uma forma de explicação a esses brasileiros, antes da sua saída, dos perigos e dos seus direitos", explica o professor.
Na Espanha, o aumento do número de imigrantes brasileiros foi espantoso. Dez anos atrás eram sete mil. Hoje são mais de 70 mil. A prosperidade da economia espanhola atraiu também brasileiros que estavam vivendo em Portugal. Com uma política de imigração mais flexível do que a de outros países europeus, o governo da Espanha não esconde uma preferência pelos latino-americanos.
A proximidade da língua ajuda os brasileiros. Em Manaus, o produtor de rádio Reginaldo Lima trabalhava desde os nove anos de idade. Cresceu tão rápido que quis nascer de novo, na Europa. Chegou há Madri oito anos.
"Nesse tempo eu fui tocar no metrô. Foi quando eu aprendi a tocar e fui ganhar um dinheirinho", conta ele.
Tocou uma canção de Roberto Carlos que mudou a sua vida. Um senador ouviu, se emocionou e conseguiu o visto de trabalho para o brasileiro.
"Graças ao Roberto Carlos e à Lady Laura", completa Reginaldo.
O baiano Rubem Dantas toca com os maiores músicos do país. Com a sua percussão deu nova inspiração ao flamenco, o estilo musical mais popular da Espanha.
"É uma coisa de louco, uma música de louco. O pessoal gritando, surtando, com os braços e as pernas. E isso realmente comove o povo", diz o percussionista.
Ioná Macedo foi babá, faxineira e professora universitária na Europa. Estudou muito. Até que uma produtora multinacional de cinema a convidou para o cargo de vice-presidente.
"O espanhol é ríspido no primeiro contato. Mas, aos poucos, quando a gente vai entrando no universo deles, são um povo muito carinhoso", afirma a produtora de cinema.
"Aqui não existem pessoas carinhosas como as brasileiras", diz a aposentada Felicidà Rodriguez.
Viúva e só. Os filmes fazem companhia. Felicidà Rodriguez, de 78 anos, sofre de diabetes. Uma mineira, que entregava jornais em Belo Horizonte, deu a ela uma nova alegria. As européias não procuram mais o emprego de acompanhante e as brasileiras começam a entrar no mercado. Alessandra de Souza prepara os remédios, injeta a insulina e conquista o coração da rígida catalã.
"Eu sinto saudades, mas sem dor, sem sofrimento. E estou feliz aqui, me sinto amada aqui", conta a acompanhante, Alessandra de Souza.

terça-feira, 20 de março de 2007

PT e a segurança

Texto publicado no site do PT NAcional
www.pt.org.br
19/03/2007

PT e a segurança
Por José Roberto Paludo

Com o desafio de fazer um segundo governo ainda melhor do que o primeiro, na campanha pela reeleição do presidente Lula, dois temas ficaram marcados como prioridade: crescimento econômico com geração e emprego e distribuição de renda e a educação.

Sobre o primeiro tema, de pronto foi anunciado o PAC que, todavia, é um grande desafio a ser levado a diante. Sobre a educação, além dos resultados positivos do primeiro mandato, há tempo para apresentar uma proposta estratégica.

Outros temas estão na agenda política, como a reforma eleitoral e a reforma fiscal. Há ainda um outro tema, que não está sob controle da agenda política do governo, mas está muito presente na pauta social e exige um debate diferenciado: a violência.

Praticamente a única iniciativa pública do governo foi o chamamento do Plebiscito do Desarmamento - uma ação importante, porém falha, que levou a uma vitória dos setores econômicos interessados, do preconceito e da cultura do medo.

Além do sensacionalismo da mídia, ocorreram fatos de muita repercussão nos últimos tempos, como a rebelião do PCC em São Paulo, que se estendeu para outros estados. Ataques no Rio de Janeiro, brutalidade da morte do menino João Hélio e tantos acontecimentos diários de menor repercussão que colocam em discussão temas como pena de morte e redução da idade penal.

O próprio presidente Lula citou em um de seus discursos de posse que “a violência não é um problema apenas de governo e, sim, de toda a sociedade”. Uma citação sem maiores explicações que provocou diversas especulações.

O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) ocupou a cena anunciando sua posição favorável à legalização das drogas.

No exterior, o tema mais explorado pela mídia é quando ocorre algum fato relacionado à violência, também como uma estratégia dos países que concorrem com o Brasil no setor turismo, assim como o sucesso que está fazendo, merecidamente, o filme Cidade de Deus.

No início do mês de março, aconteceu, em Barcelona (Espanha) um seminário coordenado pelo professor Joan Subirats da Universidade Autonoma de Barcelona e a professora Sonia Fleury, da Fundação Getulio Vargas, com o título: “Inovações Locais diante de Inseguridades Globais - os Casos de Brasil e Espanha”.

Neste seminário, durante dois dias, professores, teóricos e militantes de ONGs debateram o tema da violência, suas causas e conseqüências, a partir de teses acadêmicas. Ao final foi apresentado um conjunto de experiências com iniciativas de entidades civis, do Brasil e da Espanha - exemplos de que o problema não é insolúvel.

Em todos os casos, os depoentes, principalmente no Brasil, ressaltam a necessidade do envolvimento dos governos para potencializar essas iniciativas, bem como de tomar iniciativa frente ao problema.

O PT sempre abordou esse tema da violência a partir de uma visão estrutural, propondo atacar as causas da pobreza e falta de desenvolvimento econômico e humano, opondo-se frontalmente a temas autoritários como pena de morte, redução da idade penal ou aumento de policiamento.

Embora corretas, as duas posturas não são suficientes. A realidade impõe uma agenda para nosso debate e como partido de situação não temos direito a omissão. Fundamentados na nossa tradição de defesa dos direitos humanos e da igualdade social, temos que apontar alguma proposta.

A conjuntura exige debate de um problema latente: como atacar o crime organizado, como regular o marketing sensacionalista do medo na mídia, como controlar o sistema financeiro e a lavagem de dinheiro, o tráfico de drogas e de armas e como buscar soluções endógenas, a partir das próprias áreas de risco, com políticas sociais?

José Roberto Paludo é membro do Diretório Nacional do PT por Santa Catarina

quinta-feira, 15 de março de 2007

Um homem, um líder, uma história.

Um homem, um líder, uma história.



Num momento histórico em que os políticos em geral e os partidos em particular, sao considerados como uma das instituicoes de menor credibilidade social é cada mais vez mais difícil encontrar as excepcoes, porém, como toda regra elas existem.

Pessoalmente tenho dedicada e continuo dedicando a melhor parte da minha vida a militancia política como prioridade, dentro do Partido dos Trabalhadores, por considerar que é o partido onde existe o maior número de excepcoes a essa “regra”, porém, dentro do PT também existem algumas pessoas que todavía sao mais excepcionais dentre as excepcoes.

Uma dessas pessoas, com a qual tive o privilégio de atuar muito proximamente é o companheiro Milton Mendes. A tempo pensava em registrar esse meu conceito sobre o companheiro, mas esperei uma oportunidade especial e lhe faco hoje, 15 de marco de 2007, dia do seu aniversário, num momento que talvez seja mais importante do que nunca, chamar a atencao para a relevancia dessas características políticas que marcam a trajetória de sua lideranca.

A primeira característica, na minha opiniao, que marca a trajetória política do companheiro Milton Mendes, é a sua postura ética implacável, pois uma pessoa que esteve em evidencia em tantos momentos da sua vida, é muito comum ser assediado pelos mecanismos cada vez mais “comuns” de corrupcao, a diferenca é que nesse caso, jamais encontrou espaco. A ética deveria ser uma obrigacao, um pré-requisito para o exercício da política, mas infelizmente nao é, e por isso hoje tem tanta importancia.

A forma como Milton Mendes nao se relaciona com esses mecanismos é muito objetiva, qualquer proposta que contenha insinuacao relacionada com benefícios e vantagens pessoais, é rechassada por antecipacao, ou seja, um comportamento inverso da visao política em geral.

Outra curiosidade é o seu método “cautelar”, ou seja, adverso à precipitacao. Quando tem que decidir algo, primeiro deve ser analisado com calma, todos os prós e contras, esperar as reacoes imediatas, analisar o comportamento e decidir quando a própria solucao já está legitimada. Essa é outra característica que chama atencao, pois o “normal” na política sao as famosas “solucoes mágicas”, secretas, de impacto, cuja excencia tem um viés autoritário, pois a sociedade nao está prevenida, nao está esperando. Sua formacao de advogado favorece esse método, que busca sempre questionária, expor ao contraditório, analisar todos os impactos e por tanto, democratizar as ideáis no seu processo de formulacao.

A sua forma de exercer a lideranca também é muito diferente do comum na política atual. Milton Mendes nao se impoe e nao disputa espaco interno, pelo contrário, se há alguém disposto a ocupar o mesmo espaco, ele se retrai e dá a oportunidade ao postulante. Vai além, insentiva novas liderancas e lhes proporciona liberdade e seguranca para trabalhar, numa linguagem mais coloquial “empresta o nome”, deposita confianca e sempre defende os companheiros, até que provem o contrário. Num mundo “selvagem” e competitivo como o da política, esse comportamento parece ser contraditório e talvez insustentável, pois os mais “ousados” ocuparao todos os espacos, no entanto, Milton Mendes sempre ocupou espacos importantes, pela sua competencia.

Para nao parecer exagerado, ressalto apenas mais uma característica importante que é a sua postura ideológica e profissional. Um advogado trabalhista desde de sempre, que nunca defendeu uma causa patronal. Na história do PT de Santa Catarina esteve presente desde a sua formacao, continua até hoje e se manterá, mesmo que as vezes o decepcione. E dentro do PT Milton Mendes foi se posicionando cada vez mais à esquerda, ou seja, inversamente a idéia tradicional, de que as liderancas sao de esquerda na juventude e com o tempo vao se acomodando e se moderando, nesse caso o percurso percorrido foi no sentido inverso.

A exatamente tres anos atrás, nessa data, foi aprovado no Congresso Nacional, uma lei, a primeira e praticamente única, que representou uma reversao do processo de privatizacao no Brasil. A Lei que readmitiu a participacao das empresas estatais na geracao de energia. Conquista como essa (pouco reconhecida), possibilitou o fortalecimento do setor e a legitimidade de proposta como o PAC (Programa de Aceleracao do Crescimento) apresentadas agora. Milton Mendes foi um dos atores chaves para a aprovacao desta lei, pela sua experiencia parlamentar e sua habilidade de negociacao e a data de sua aprovacao, coincidentemente foi um presente de aniversário no ano de 2004, simbólicamente, para esse companheiro, que tem muito a nos ensinar, com seus exemplos, de como é possível a coerencia entre a teoria e a prática, num mundo político desmoralizado pela incoerencia.

Essa é a forma que encontrei, nessa distancia, de homenagear e transmitir meus parabéns a esse homem, esse líder e a sua trajetória política em construcao.

José Roberto Paludo
Madrid, 15 de marco de 2007.

Uma contribuicao sobre a conjuntura

Análise da conjuntura brasileira

Por José Roberto Paludo – membro do DN-PT
Lisboa-PT, 10 de março de 2007.

O segundo governo Lula precisa ser melhor que o primeiro. O próprio presidente reafirmava isso em sua campanha, que só valeria a pena um segundo mandato se fosse melhor que o primeiro, como o Partido assim o reivindica e a própria conjuntura o exige.

As duas grandes prioridades apresentadas na campanha foram: crescimento econômico e educação.

Crescimento econômico com geração de emprego e distribuição de renda.
No primeiro mandato do Presidente Lula houve avanços positivos em praticamente todos os indicadores: balança comercial, redução do risco país, baixa da inflação, baixa dos juros, aumento do emprego, etc. Os itens mais importantes foram:
- crescimento do PIB, porém abaixo da média mundial e abaixo da média da América Latina, ou seja, houve uma conjuntura internacional favorável ao crescimento;
- pagamento da dívida pública com FMI, porém resta a dívida interna, que era muito alta (herança maldita da era neoliberal) e de curto prazo, que exige altas taxas de juro e inibe os investimentos produtivos. O governo alterou muito moderadamente o perfil dessa dívida, ou seja, uma melhora lenta;
- distribuição de renda, pela primeira vez nos últimos 30 anos os extratos de baixa renda ampliaram sua participação no total do “bolo” do PIB, resultado do aumento do poder real do salário mínimo e das políticas sociais do primeiro mandato;
A conjuntura internacional continua favorável, porém não se sabe por quanto tempo. Já começam a aparecer crises como na China que colocam em risco o alto deficit dos EUA e poderá produzir uma crise semelhante a dos anos 30 do século passado.
A iniciativa de Lula no segundo mandato foi o lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um pacote de investimentos em infra-estrutura, principalmente transporte e energia, reduzindo o superávit primário, ou seja, transferindo recursos reservados à segurança do sistema financeiro para o setor produtivo. O PAC para alcançar seus objetivos depende também da participação privada. O governo começa fazendo sua parte e espera a participação do mercado.
É nesse contexto que se dá a tão polêmica visita oficial de Bush ao Brasil. Esse fato tem vários sentidos:
- Bush tem interesse mediático e tenta recuperar sua imagem interna frente às eleições do próximo ano, que embora ele não possa mais concorrer, pretende ajudar os republicanos, enquanto Lula sofre um grande desgaste popular por isso;
- Bush tem interesse financeiro, mudar parte da matriz energética de petróleo para etanol, menos poluente, e tentar diminuir a emissão de gases estufa nos EUA, além dos seus negócios familiares (ligados ao petróleo);
- Lula quer o apoio dos setores do mercado para o PAC e foi duramente criticado pelas negociações sobre o gás da Bolívia, considerada uma negociação “ideológica”, portanto, tenta quebrar esse estigma e mostrar que negocia com todos;
- Além da aposta no etanol para manter a balança comercial favorável, talvez interesse a Lula tentar flexibilizar a protecção americana aos produtos agrícolas de forma bilateral, já que não obteve muitos avanços junto a OMC nos últimos quatro anos.

Educação universal e de qualidade.
Se o PAC foi apresentado como uma resposta a prioridade de crescimento apontada na campanha de 2006, a outra prioridade ainda não tem um plano finalizado. A educação no primeiro mandato de Lula também teve seus avanços:
- mais de 90% da população em idade escolar está alfabetizada, o que é praticamente uma média de toda a América Latina, o desafio está na qualidade do ensino;
- Aprovação do FUNDEB que pretende dotar de fundos e melhorar a qualidade do ensino médio;
- Criação de oito novas universidades federais e ampliação de outras tantas, o que não ocorria a mais de 20 anos;
- Criação de centenas de escolas técnicas federais, articuladas com a “vocação” produtiva de cada região;
- Mais de 200 mil bolsas do Pró-Uni, o que representa um aumento de quase 100% das vagas públicas federais para o ensino de terceiro Grau
Para além desses avanços já iniciados no primeiro mandato, falta um projeto que articule esse conjunto de políticas e forme um plano estratégico de educação para o país, com uma visão de médio e longo prazos.

Além das duas prioridades apresentadas na campanha, outras pautas estão na ordem do dia:
- reforma política: o grande desafio é aprovar ao menos um sistema eleitoral misto (combinar o voto em lista e uninominal, pois o Brasil é um dos países do mundo onde o voto é mais pessoal, o que praticamente dispensa os partidos), combinado com financiamento público das campanhas (que irá custar menos que o atual sistema, além de permitir o controle dos gastos, evitar abusos, proporcionar mais igualdade de concorrência e evitar a corrupção eleitoral, que é uma das modalidades de corrupção) e a fidelidade partidária (que evitará a corrupção dos parlamentares e governantes depois de eleitos, evitará episódios como o da reeleição de FHC, das privatizações e do caixa 2 do PT);
- reforma fiscal: o Brasil tem uma carga fiscal no patamar dos países desenvolvidos, porém tem uma grande informalidade e deficiências na tributação dos capitais e sistema financeiro, o que sobrecarrega apenas o setor produtivo no lado dos ingressos. Logo do lado da distribuição dos recursos também há uma pressão por uma maior distribuição entre os entes federativos (união, estados e municípios). Há ainda o sistema de gestão dos serviços públicos que necessita ser melhor desenhado para avançar na qualidade. Organizar esses sistemas exige propor um modelo de estado federal de médio e longo prazo;
- Há também o tema das telecomunicações onde existe um sistema de monopólio privado no Brasil. Nas últimas eleições, saiu derrotado politicamente e portanto, temos o melhor cenário para propor mudanças, porém, tão pouco Lula dá sinais de que pretende enfrentar esse problema;
- As eleições de 2008 e 2010 já começam a ser pautadas, com declarações de FHC da sua chapa ideal Serra e Aécio, enquanto no PT não existe uma estratégia, um consenso, todos negam, mas todos operam em função disso, ou seja, a estratégia é não mostrar a estratégia;
- A pauta mais difícil porém é o tema da violência, do crime organizado. Lula citou o tema “en passant” em seu discurso de posse, mas Sérgio Cabral (governador RJ) declarou ser a favor da legalização das drogas, por exemplo, que é um tema muito polêmico. Dia após dia esse tema ocupa as manchetes da grande mídia brasileira e é a principal pauta do Brasil no exterior, inclusive por parte dos países que têm interesse econômico na competição por turismo, que aproveitam para passar uma imagem de insegurança do Brasil, para fazer frente às nossas vantagens naturais. Esse é um tema difícil para o PT, não faz parte da nossa agenda tradicional e faltam propostas imediatas para esse problema, uma vez que as políticas econômicas e sociais têm um efeito somente a longo prazo.
Diante de tudo isso, Lula fortaleceu a base aliada no congresso, formalizando o apoio do PMDB, elegendo Arlindo Chinaglia presidente da Câmara e simbolicamente a mudança de nome do PFL, para tentar se livrar do estigma de partido de direita, ligado à ditadura militar e ao neoliberalismo, significam um avanço político de tendência à esquerda. Para ressaltar o fato simbólico da derrota do PFL, é importante frisar a vitória do PT no governo do estado da Bahia, quebrando a oligarquia de ACM.

Para finalizar, o PT abriu seu III Congresso Nacional em 10 de fevereiro, aniversário de 27 anos, exatamente em Salvador. Esse congresso debaterá até julho três temas: o socialismo petista, organização e funcionamento e um projeto para o Brasil, ou seja, pretende fazer uma síntese da experiência histórica de partido de massa e partido de governo e delinear um projeto interno de partido, um projeto de país e uma estratégia político-ideológica com uma visão de futuro.

terça-feira, 13 de março de 2007

Visitei Lisboa e re-encontrei o PT das origens.


Visitei Lisboa e re-encontrei o PT das origens.

Nosso partido é mesmo impressionante, enquanto vivemos um período duro, de muitos desafios, problemas e uma busca desenfreada de solucoes diárias, parece que fora do Brasil, existe tempo para seguir a prática antiga, que a nós, cabe mais bem como boa lembranca.

Pelo fato de estar estudando em Madrid, tive a grata oportunidade de conhecer Lisboa e participar de uma reuniao do núcleo de base do PT de Portugal, no último dia 10 de marco.

Companheiro brasileiros que estao vivendo ai, a muitos ou a poucos anos, mantém um núcleo de base, com todas as características históricas, sem deixar de responder a desafios contemporaneos.

Sao menos de cincuenta filiados do PT que vivem em Portugal, dentre eles profesores, estudantes, pequenos empresários, jornalistas, aposentados, pedreiros, motoristas, artesaos, etc. Se encontram mensalmente, junto com simpatizantes e amigos do PT, para se organizar e debater política.

Fazem campanha para Presidente da República, votam no PED, articulam a participacao em entidades civis e associacoes, participam de eventos de partidos de esquerda em Portugal e também em outros países, como Galicia, que está na Espanha, mas está mais próximo de Portugal em todos os sentidos e fazem parte de uma das maiores festas políticas populares da atualidade: a Festa do Avante, que acontece a mais de 30 anos.

A Festa do Avante é a uma tradicao do Partido Comunista Portugues, reúne milhares de pessoas durante tres dias no mes de setembro. O PT tem uma tenda com materiais de divulgacao e outra onde vende caipirinha e feijoada. Os militantes trabalham voluntariamente durante mais de uma semana para montar, atender e desmontar o espetáculo, uma verdadeira festa política.

Acompanhar o debate e ouvir os relatos, me fez voltar no tempo e lembrar do PT do final dos anos 80, quando comecei minha militancia, embora a experiencia mais genuina foi durante aquela década, até a campanha de 1989. Bons tempos aqueles, que nao voltam mais. Sim pois, podemos encontra-los em Portugal.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Delegados do povo ou donos do poder?

Delegados do povo ou donos do poder?

FÁBIO KONDER COMPARATO

Estamos ante parlamentares que falam sobre propostas que não leram, com o intuito de preservar a usurpação da soberania popularNA EDIÇÃO de maio de 1811 do "Correio Braziliense", Hipólito da Costa fez a seguinte profissão de fé: "Ninguém deseja mais do que nós as reformas; mas ninguém aborrece mais do que nós que essas reformas sejam feitas pelo povo; pois conhecemos as más conseqüências desse modo de reformar; desejamos as reformas, mas feitas pelo governo; e urgimos que o governo as deve fazer enquanto é tempo, para que se evite serem feitas pelo povo".

O grande jornalista teve o mérito de dizer sem eufemismos o que pensava. Hoje, quase dois séculos depois que tais palavras foram escritas, ninguém no meio político ousa dizer-se de direita ou antidemocrata, mas quase todos continuam plenamente convencidos de que o povo é, por natureza, incapaz de exercer a soberania. Esta pertence, por direito imemorial, àquele grupo que, por consolidado abuso de linguagem, insistimos em denominar "a elite".

Admite-se, quando muito, que o povo escolha periodicamente os seus tutores ou curadores. Mas a esmagadora maioria destes, como ninguém ignora, exerce o encargo no seu próprio interesse e benefício. A Constituição Federal de 1988 teve o grande mérito de iniciar o processo de desmontagem desse esquema cínico e perverso, ao afirmar, logo no primeiro de seus artigos, que o povo pode e deve exercer o seu poder soberano diretamente, e não apenas pela eleição de mandatários. Em conseqüência, dispôs expressamente em seu artigo 14 que o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, tanto quanto o sufrágio eleitoral, são manifestações da soberania popular.

Como era, porém, de esperar, esse mandamento constitucional foi desde logo interpretado como fórmula de retórica política, sem nenhum efeito prático. O povo pode continuar a eleger os seus autoproclamados representantes, mas dependerá sempre da autorização prévia destes para votar em plebiscitos e referendos. Foi para desfazer essa fraude oligárquica que a Ordem dos Advogados do Brasil ofereceu várias sugestões ao Congresso Nacional, prontamente transformadas em projetos de lei e propostas de emenda constitucional.

Agora, com o anúncio pelo ministro Tarso Genro de que o governo federal apoiaria tais proposições, as reações negativas no Congresso não se fizeram esperar.

Ouvidos por este jornal, quase todos os líderes de partidos disseram que retirar do Congresso Nacional a prerrogativa de comandar a realização de plebiscitos e referendos redundaria em concentrar mais poderes na pessoa do chefe de Estado, criando, assim, o risco de institucionalizar o "chavismo".

Sucede que, em ambos os projetos de lei originados na Ordem dos Advogados do Brasil -o de nº 4.718/2004, na Câmara, e o nº 1/2006, no Senado, este apresentado pelos eminentes senadores Eduardo Suplicy e Pedro Simon-, o presidente da República não tem poder de iniciativa nessa matéria. Os plebiscitos e referendos só poderão ser convocados por iniciativa do próprio povo ou de um terço dos deputados ou senadores (o que reforça sobremaneira o poder de fogo da minoria parlamentar contra o rolo compressor governamental).

Insinuou-se, também, que, pelo sistema proposto, o povo poderia decidir diretamente em plebiscito a reeleição indefinida do presidente da República. Insinuação maliciosa e falsa, pois, em ambos os projetos de lei, ao contrário do que dispõe a vigente lei nº 9.709, de 1998, as matérias suscetíveis de decisão em plebiscitos são taxativamente enumeradas -e entre elas não consta a reeleição do chefe de Estado.

Outros, ainda, declararam-se contrários ao "recall", tal como proposto, porque ele atingiria tão-só os parlamentares, poupando o presidente da República. Mais uma inverdade: na proposta de emenda constitucional nº 73/2005, em tramitação no Senado, a revogação popular de mandatos eletivos diz respeito não só aos membros do Congresso Nacional mas também ao presidente da República. Aliás, é sempre bom lembrar que esses institutos estão longe de ser novidades revolucionárias. A Suíça conhece e pratica com freqüência o referendo desde o século 15. O "recall" existe em 18 Estados da Federação norte-americana, em alguns deles há quase um século.

Em suma, estamos diante de parlamentares que se pronunciam sobre propostas que não leram, com o mal disfarçado objetivo de preservar uma inconfessável usurpação da soberania popular.


FÁBIO KONDER COMPARATO, 70, advogado, professor titular aposentado da Faculdade de Direito da USP, é presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia do Conselho Federal da OAB e fundador e diretor da Escola de Governo, em São Paulo. É autor, entre outras obras, de "A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos".